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Ninguém na Globo sabe o que é “Paparazzi”?

Acabei de ver o quadro “Vem com Tudo” da Regina Casé, no Fantástico. Por diversas vezes ela falou o plural “paparazzi” quando era para falar o singular “paparazzo“.

Se fosse ao vivo, tudo bem. Mas eu não consigo entender como essas coisas gravadas conseguem ir ao ar sem ninguém (que tem poder de mandar refazer) notar os erros.

Nem a Globo sabe o que é o “Serviço Secreto”.

Mais uma da série “a ignorância da imprensa tradicional”.

Acabei de ver, no Jornal Nacional, o casal Bonner começar falando em um escândalo no “serviço secreto americano” e continuar falando exclusivamente dos acordos entre a CIA e a Blackwater.

Alguém precisa dizer à Globo que o Serviço Secreto americano e a CIA são organizações completamente distintas. Enquanto a CIA tem como missão principal a espionagem e contra-espionagem, o que os americanos chamam de “Serviço Secreto“é uma agência mais conhecida por proteger o presidente americano e sua família. Realmente seria um escândalo o Serviço Secreto ter alguma coisa a ver com as operações da Blackwater no Iraque.

Besteira no telecurso da Rede Globo

Hoje de manhã eu liguei a TV e por acaso fui assistir ao Telecurso, da Globo.

Era uma aula de matemática. Eles queriam medir a altura de um obelisco em São Paulo. comparando sua sombra com a sombra de uma vareta. As medidas foram as seguintes:

Altura da vareta: 1M
Sombra da vareta: 1,25M
Altura do obelisco: ?
Sombra do obelisco: 90M

Fizeram uma regra de três e concluíram que o obelisco tinha 112.5M de altura.

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Peraí… Como é que a sombra da vareta é maior que sua altura, mas a sombra do obelisco é menor que a altura do obelisco? Eu não estava dando lá muita atenção às contas, mas o resultado era obviamente ilógico.

Se considerarmos que as medidas apresentadas estão corretas, a altura do obelisco deveria ser de 72M!

E no final da aula vê-se uma longa lista de créditos, com “equipe pedagógica”, “professores redatores”, etc. Que alguém cometa um erro desses numa aula ao vivo, é admissível. Mas como esse material é gravado e exibido com erro e tudo?

É, a educação no Brasil só tende a piorar.

Fraude fotográfica

Veja se você consegue achar algo estranho na foto abaixo:


Quando vi essa foto pela primeira vez na Veja (créditos de Tyler Hicks/The New York Times) achei que havia algo estranho com ela. Para uma foto de vítima de bombardeio no Líbano, a vítima está muito “limpa”, “solta” e sem qualquer marca visível de sangue.

Dias mais tarde, percebi que eu tinha razão. Nesta página você vai encontrar um vídeo de 1.6MB chamado “fraude fotográfica no Líbano” com este e vários outros exemplos de como a mídia, não tendo fotos para exibir, tem o mau hábito de fabricar algumas. O áudio do vídeo está em Inglês, mas dá para entender uma boa parte dele apenas seguindo a apresentação. Muito instrutivo.

É interessante notar que trata-se de um site judeu, que teria todos os motivos para fazer alguma manipulação. Mas não parece ter havido manipulação alguma.

Se você tem a senha de acesso ao site da Veja, a matéria está aqui:

A difícil arte de decifrar os noticiários

No Jornal da Band de hoje, a paralisação dos kombeiros no RJ foi descrita como um protesto contra uma inesperada redução no número de licenças de circulação. Já no Jornal Nacional, vimos que a mesmíssima paralisação foi um protesto para exigir o aumento no número de licenças.

Ora… embora as duas notícias sejam, no fim das contas, iguais, uma passa a idéia de que os kombeiros estão protestando contra uma possível injustiça e a outra faz pensar que os kombeiros estão fazendo baderna… de novo.

Como eu tenho o hábito de, quando dá, assistir a dois ou três noticiários por noite, não é de hoje que eu venho achando que agências brasileiras de notícias fazem reportagens na base do “assista ao vídeo e prepare uma narração que se encaixe”. Como naqueles testes de QI onde nos apresentam uma imagem e pedem que nós criemos uma estória baseada nela.

As discrepâncias entre os noticiários são absurdas. E minha confiança na seriedade da Globo (a rede chapa-branca do país) anda bem abalada.

A confiabilidade das entrevistas com o povão.

Da próxima vez que você assistir a uma entrevista feita na rua, preste atenção. Perceba como os “repórteres” induzem descaradamente o entrevistado a responder o que eles querem ouvir. Às vezes fica evidente, mas outras vezes só dá para perceber se você prestar atenção.

Eu sei que é difícil retirar algo de alguém que não tem um vocabulário grande ou fica inibido na frente da câmera, mas induzir respostas não é aceitável.