Com a crescente popularidade de minha páginas sobre DVD players tenho recebido muitas perguntas do tipo “qual o melhor DVD Player? ‘A’ ou ‘B’?”
Responda rápido: O que é melhor?
- Fusca ou Uno?
- Linux ou Windows?
- Athlon ou Pentium 4?
- PC ou MAC?
- Ficar em casa no Carnaval ou cair na folia?
- Ir ao centro de ônibus ou dirigindo seu carro?
- Lula ou FHC?
- Daniela Cicarelli ou Marina Person? 🙂
- George Bush ou um tiro na testa? 😛
Para cada uma das perguntas acima você sempre vai encontrar alguém que afirme que a opção “tal” é a melhor e criticar a outra. Entretanto, essas pessoas ignoram um princípio básico das avaliações desse tipo: “Melhor” depende das necessidades e expectativas individuais. Não existe um “melhor” absoluto, e a cada pessoa deve ser dada informação suficiente para que ela mesma decida o que é melhor para si.
Embora a necessidade de tomar decisões seja uma das coisas que faz a gente, às vezes, sentir falta da época em que era criança, ainda assim não quero ninguém decidindo o que é “melhor” para mim. Se você quer… bem… acho que entrou no site errado.
Algumas pessoas escolhem planos de acesso à Internet pelo preço. Quando fiz graça com a moça do cadastro da Hotlink pelo fato do preço deles ser R$29,90 por mês ela respondeu que era significativa a quantidade de pessoas que acabavam escolhendo o serviço deles simplesmente porque era 10 centavos mais barato que o do concorrente. São pessoas que não tem como medir e qualificar o serviço, portanto usam a única medida que conseguem entender: “preço”.
A mesma coisa acontece o tempo todo com computadores. Máquinas são comparadas apenas pela velocidade em GHz do processador, gravadores de CD, pela velocidade de gravação, câmeras digitais pelo número de MegaPixels. Quando na verdade esses itens são apenas a ponta do iceberg.
Você acha que uma recente câmera Benq C25 de 4 MegaPixels é melhor que uma obsoleta Canon A10 de 1.2 MegaPixels? Sorte sua. Eu prefiro comprar uma A10 usada (não existe mais nova) a comprar uma Benq nova. Para mim a Canon é muito melhor.
O mais recente, o mais novo e o mais moderno não sâo, necessariamente, “o melhor”.
Quando eu trabalhei em loja (de informática), de vez em quando um vendedor me apresentava um cliente que estava em dúvida sobre qual máquina comprar (a dúvida geralmente era sobre qual processador levar). Eu argumentava que o cliente não deveria comprar o processador mais moderno disponível e optar pelo segundo ou terceiro na escala. Com a diferença no preço (sempre substancial) ele teria mais vantagem se levasse uma placa de vídeo melhor, mais memória, um gravador de CDs, etc. Não adiantava. Minha argumentação técnica dificilmente conseguia ganhar da questionável (e tendenciosa) argumentação do vendedor de que se o cliente levasse o melhor processador disponível, sua máquina demoraria mais a ficar obsoleta e que, parcelado em até 24X, ele nem iria perceber a diferença no bolso.
Na minha opinião, é melhor gastar com algo que você vai usar agora, do que gastar com algo que só vai mostrar sua utilidade com o passar do tempo (se ainda estiver funcionando). A diferença de preço era tal que se você guardasse o dinheiro numa poupança, poderia fazer o upgrade no computador dentro de um ano. Entretanto, as pessoas preferem a opinião do vendedor, que sempre está pronto para afirmar categoricamente o que é melhor para elas ou, pior, dizer o que elas querem ouvir, mesmo que não seja verdade.
Não é só com a conversa tendenciosa de vendedores que você precisa se preocupar. Muitas pessoas defendem quase religiosamente que “o melhor” é sempre aquele produto que, coincidentemente, elas possuem ou usam. Um fanático MAC ou Linux, por exemplo, está sempre disposto a dizer que você deve jogar seu PC com Windows no lixo, sem dar a menor importância ao fato que existe um “perfil” de pessoas (a maioria) que simplesmente não se encaixa como usuário MAC ou Linux (eu sou um exemplo). Na imaginação desses indivíduos, se funciona para eles, tem que funcionar para qualquer outra pessoa no planeta.
Não se engane: a mesma coisa acontece até com meros DVD players.
Não existe tal coisa como “o melhor aparelho é o ‘X'”. A frase seria melhor formulada como “O mehor para o meu perfil atual é o ‘X'”. Deixando então que as outras pessoas avaliem se seu perfil é suficientemente semelhante ao delas, para saber se o seu “melhor” também será o melhor para elas.
Mas vamos agora manter o foco nos DVD players:
Para algumas pessoas, melhor é o aparelho que tem assistência técnica nacional. Preferem pagar até R$200 reais mais caro pelo DVP642 e comprá-lo nas Lojas Americanas. Pela diferença de preço, eu já me contento com a garantia dada pelo vendedor do ML, que me trocará o aparelho se este apresentar defeito.
Outras, preferem pagar os R$ 200 a mais porque tem garantia nacional e é parcelado em 12X. Outras podem (e até preferem, como eu) pagar tudo à vista. Com uma diferença de preço dessas, não há quem as faça comprar parcelado. Mesmo que só tenha garantia de 30 dias, elas calculam que o risco vale a pena.
Eu estava prestes a instalar um DVD player no meu carro. Decidi que o Cyberhome CH-DVD 300 era o “melhor” por seu tamanho reduzido, preço menor ainda, controle remoto discreto, alta compatibilidade e fácil adaptação. Entretanto abortei o projeto com o bicho já desmontado quando me dei conta de que seria essencial que eu tivesse controle de volume no DVD player, porque este iria ficar ligado diretamente ao meu amplificador (eu ia descartar o auto-rádio) mas o Cyberhome não tem! Agora, “melhor” é um DVD player que possua controle de volume como o Artcom DVD-800 e atenda o máximo possível de meus outros requerimentos. Eu ainda não preciso que o player seja também um DivX player, mas quem sabe, no futuro eu ache que “melhor” será o que também tenha DivX?
[09/02] Carlos Holanda mandou um e-mail me lembrando que existem lotes do Cyberhome que tem, sim, controle de volume do remoto. Presumivelmente, são os aparelhos mais novos. Infelizmente, o meu aparelho acabou sendo de um lote que não tem. Agora, eu tenho que decidir se compro de novo um Cyberhome, só pelo controle remoto, ou se compro outra marca, pelo prazer de testar algo novo 🙂
Melhor é o aparelho compatível com QPEL e GMC? Tenho certeza de que é para alguns. Mas para mim, se eu tiver que escolher entre QPEL e GMC ou compatibilidade com legendas Vobsub, vou optar por esta última. Eu posso remover QPEL e GMC com certa facilidade, com perdas aceitáveis, mas ainda não é possível transformar legendas Vobsub em legendas texto tão facilmente. O processo de OCR é um trabalho chato pacas!
Existe um grupo que acha que o próprio suporte a legendas é absolutamente dispensável, porque só vai assistir filmes dublados mesmo. No outro extremo estão os que não suportam filmes dublados, a não ser que sejam desenhos animados (eu me incluo aqui). Para este grupo, o player pode chegar ao requinte de ter conexão ethernet como o KISS que mesmo assim vai ser inferior ao DVP642 se não suportar legendas externas.
Sabe qual é o melhor player DivX disponível no Brasil para alguns? O Video-game XBOX. Entretanto, consumindo perto de 100Watts de potência e com um preço de quatro dígitos ele dificilmente será o melhor para a maioria dos outros.
Eu pesquisei por muito tempo antes de comprar o DVP642. Meses antes dele estar disponível no Brasil eu já sabia que ele existia. Quando finalmente saíram os primeiros relatos de que ele suportava legendas DivX eu pensei: ” É ESSE!”. Passaram-se meses depois disso até o primeiro chegar ao país e eu comprei imediatamente, por um preço bem alto para os padrões de hoje. Ainda assim, com todas as minhas pesquisas prévias, quando pus as mãos nele confesso que fiquei absolutamente decepcionado. Tá… ele leu tudo o que enfiei nele, mas aquelas fonte ridícula para as legendas DivX e a impossibilidade de escolher um ponto no DivX de onde começar a assistir fizeram-me encostar o aparelho e decidir criar um review para que outras pessoas depois de mim se frustrassem menos, ao saber exatamente o que estavam comprando. Uma oportunidade que eu mesmo não tive.
Dias depois de ter iniciado o review, a descoberta: o manual estava errado e a função Time Search também funcionava com AVIs. O DVP642 subiu imediatamente vários pontos no meu conceito e eu tratei de colocar isso no meu review, para que as pessoas que também estivessem frustradas com isso soubessem a verdade. E dia após dia fui fazendo novas descobertas e inclusões no site. Com o advento dos firmwares modificados, a segunda grande queixa que eu tinha contra o DVP642 se foi. Hoje, fico muito contente em receber agradecimentos constantes de pessoas que se basearam no meu review para comprar o aparelho e hoje estão muito satisfeitas com ele e de outras já possuidoras que se basearam no review para melhorar a percepção que tinham do aparelho. No momento em que escrevo isso eu tenho três DVP642 na casa. Um é da minha mãe e os outros dois estão no meu quarto. Eu só preciso mesmo de um, mas a necessidade de comparar entre versões do firmware (para manter meu review atualizado) acabou me fazendo comprar outro só para deixá-lo com um firmware diferente dos outros dois.
Como você descobre qual o melhor para você? Lendo atentamente o manual e através de reviews detalhados como o que eu fiz. Se você quiser que alguém simplesmente diga: “este é o melhor!”, pergunte a um vendedor. Eu penso como um técnico, com muito orgulho, e não posso te dar uma resposta como essa. Não posso nem “tentar” responder algo assim sem escrever um tratado sobre o assunto, como fiz com o DVP642 🙂