Crash – No Limite (Crash – 2004) é um drama interessante sobre (principalmente) racismo (em vários níveis), intolerância e relações pessoais.

A questão do racismo é a mais revoltante, tanto pela atitude dos brancos quanto pela atitude dos negros. Temos um chefe de polícia negro que fecha os olhos para as atitudes racistas de um policial branco (talvez até de vários outros) porque “não chegaria onde está” se assim não se comportasse. Eu vejo essa questão por dois ângulos distintos

1) com sua atitude ele dá suporte à idéia para quem olha de fora que a polícia de Los Angeles não é racista. Afinal, espera-se (pelo menos EU espero) que um chefe de polícia negro seja rigoroso com qualquer atitude de racismo de seus subordinados e se vemos um negro naquela posição somos levados a acreditar que esse tipo de problema tem chance de ser julgado de uma forma imparcial.

2) Por outro lado, ele pode fechar os olhos para o racismo dos brancos de modo a poder continuar no cargo e assim ajudar outros policiais negros. Entretanto, não é isso que o personagem deixa transparecer no filme, quando faz seu discurso para o policial branco que foi denunciar seu colega racista.

Mais tarde, vemos que o policial racista não veio de uma família racista (ou assim ele diz) e somos levados a suspeitar que seu “racismo” surgiu como resultado das circunstâncias. Se ignorarmos a “cor” dos personagens, podemos ver que sua raiva é resultado de sua revolta com o fato de que “ações afirmativas” levaram seu pai à falência e com a crescente colocação de pessoas “menos adequadas” em certos cargos apenas pela necessidade de mostrar que o racismo não existe.

Longe de mim tentar defender a atitude do policial. Sua conduta na revista foi inaceitável mas, tirando esse incidente e novamente esquecendo a cor de todos que se relacionam com ele durante o filme, podemos enxergar sua atitude de um modo bastante diferente.

Temos também o diretor negro que se submete a aceitar as ordens de cima para que seus atores negros se comportem de acordo com o estereótipo de um negro (uma pessoa sem cultura).