Lucy: o final estraga o filme.

Lucy_(2014_film)_posterAntes de mais nada, é preciso dizer que eu assisti a Lucy 100% ciente de que essa estória de que o ser humano somente usa 10% do cérebro é mito. O que me importa é como a estória é contada. Se não fosse isso eu nem conseguiria apreciar Star Trek, só para começar.

E eu nunca iria dispensar um filme de ficção científica estrelado por Scarlett Johansson (se precisa de link para lembrar quem é, você certamente não é um portador de cromossomo Y) e dirigido por Luc Besson (Leon – The Professional, The Fifth Element, The Transporter).

Muita coisa no filme não faz sentido, do que leva um barão de drogas a ter todo esse trabalho para traficar meros dois/quatro quilos de uma droga sintética desconhecida (coloca como areia ornametal para jarro e quem vai identificar como entorpecente?) à evolução/revolução de Lucy. Mas não importa. Para mim o filme é um espetáculo visual e de idéias. Aliás, uma das falas do personagem de Morgan Freeman, em resposta à pergunta de um aluno, sintetiza o estado mental necessário para assistir ao filme:

“…agora estamos entrando na esfera da ficção científica e não sabemos mais [sobre o que poderiamos fazer com tamanha capacidade cerebral] do que um cão que observa a lua”

O que pensaria um humano ao passar por cada um dos estágios que Lucy passou, de humano comum a ser omnipotente (sem exagero)? Ainda se importaria com a raça humana? Ainda se importaria consigo mesmo? Me lembra os capítulos finais do Livro The Revenge Of Seven, mas falarei sobre isso em outro post.

Lucy se comporta ao mesmo tempo como se ela se importasse (com a raça humana e consigo) e como se não fizesse diferença. O que não deixa de ser verossimil.

Mas vamos deixar de lado a filosofia (não há muito o que comentar mesmo) e discutir a execução: o danado do filme poderia ter sido melhor pensado. E não precisavam nem ter perguntado a Lucy como fazer. Além da estranha incompetência dos traficantes, que não conseguem passar com um saquinho pela alfândega, mas andam com metralhadoras e uma bazuca pelas ruas da França, temos o estranho comportamento dos cientistas. Não bastava o personagem de Morgan Freeman ter deixado o ceticismo de lado diante do que poderia muito bem ser uma piada muito bem preparada, mas o filme também tinha que mostrar outros cientistas se comportando como se tivessesm lido o manual da Globo para execução de reuniões de diretoria em novelas: junte um monte de figurantes, mantenha-os calados de cara séria e balançando a cabeça para tudo o que o personagem principal diz e pronto! E quando Lucy mostra algo realmente impressionante (não estou falando de ler a mente de um deles, aquilo foi ridículo) eles ficam olhando com cara de quem estava admirando alguém fazer uma manobra difícil de skate e não com o assombro requerido para o que estavam presenciando. Depois da chegada de Lucy na universidade o script vai ficando mais e mais idiota, infelizmente.

E o final deixou muito a desejar, como o deste texto ;)

 

3 comentários
  • Saulo Benigno - 279 Comentários

    Pior que é verdade, aquelas bolinhas azuis podiam passar como qualquer coisa, engraçado :)

    Boa.

  • Walter - 140 Comentários

    Curioso. Assisti ontem e não tinha visto sua postagem, mas foi exatamente o que eu e a PPM falamos. e ao mesmo tempo, quando subiram os créditos: “que final lugar comum”

  • Walter - 140 Comentários

    No The Transporter o Luc Beson não dirige, mas fez o roteiro e produziu.

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