 Jefferson,  28 de maio de 2020, COVID-19, WTF Calma, gente. Antes de se desinscreverem do meu feed (Jefferson pirou?) ou ligarem para a polícia achando que eu fui sequestrado por um terraplanista, leiam até o final.
Esta semana eu finalmente fui ler o resumo do estudo francês que deu início a essa confusão toda sobre a cloroquina e a conclusão a que cheguei é que deve entrar para a estória como um embaraço (para não dizer “vergonha”) para a medicina francesa.
Eu vou fazer uma simplificação bem grosseira do que o tal Didier Raoult parece ter feito. Pegue uma doença qualquer com sintomas incapacitantes mas que naturalmente após alguns dias de repouso a maioria dos doentes vai se recuperar e trate todos os seus pacientes com cuscuz com ovo.
Após alguns dias, que surpresa: a maioria das pessoas tratada com cuscuz com ovo se recuperou. Conclusão clara e inquestionável: Cuscuz com ovo é a cura para a doença. E quem duvidar/negar só pode estar trabalhando para os grandes laboratórios (big pharma).
Ahh… ignore as pessoas que não foram tratadas com cuscuz com ovo e se recuperaram do mesmo jeito. Isso é fundamental.
Mas eu admito que minha comparação é falha. Afinal, o cuscuz com ovo de Raoult pode matar.
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 Jefferson,  16 de maio de 2020, COVID-19, lisarb Ceticismo é saudável. Se a maior parte da população tomasse uma pitada de ceticismo no café da manhã todos os dias, não teríamos o problema com fake news que temos hoje mas, pelo contrário, com o terraplanismo em pleno vigor nas mais altas esferas da administração pública a coisa só tende a piorar.
O cético
Pegaria um jato da FAB com sua comitiva e chegaria de surpresa em qualquer lugar do país em poucas horas para conferir de perto a situação nos hospitais. Conversaria com médicos e enfermeiros, mandaria gente de sua confiança a cartórios e cemitérios para conferir números e perguntar se a situação atual alarmante é a mesma de sempre ou se é um tipo “extra-especial” de alarmante como pinta a imprensa. Conversaria com representantes das “supostas” centenas de pessoas aguardando vaga na UTI. O povão mesmo, que ele diz representar.
Ora, o cara poderia até obter autorização especial para uma exumação coletiva e checar se os caixões estão mesmo sendo enterrados vazios como dizem seus apoiadores.
O olavista
Bota as mãos nos ouvidos e fica: lá-lá-lá-globolixo-lá-lá-lá-esses-pulhas-da-imprensa-lá-lá-lá-traidores-lá-lá-lá-comunistas-lá-lá-lá…
E depois vai passear de jet ski no Lago Paranoá.
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 Jefferson,  09 de maio de 2020, COVID-19 Assim como no caso das filas na CAIXA, eu acho absurdo toda vez que eu vejo uma reportagem reclamando de aglomerações em feiras livres, deixando no ar que isso seja culpa da população. Supondo que ninguém esteja ali passeando, seria mais produtivo a imprensa ficar falando com especialistas sobre possíveis soluções para o problema. Afinal, as pessoas precisam comer e não dá para fazer estoque de perecíveis para 30, 60 dias. No meu entendimento, se as feiras estão ficando abarrotadas é porque o número de pessoas que precisa comer todos os dias é grande. Se tem gente nas feiras jogando dominó é desses que a imprensa precisa reclamar.
Mas não é só a imprensa que parece se basear em uma lógica difícil de compreender. A CEASA aqui de Recife, com o intuito de reduzir as aglomerações, reduziu o horário de operação em três horas. Eu não sou especialista, mas se você quer mesmo reduzir aglomerações, não seria o caso de incentivar esses serviços essenciais a operar 24H?
Eu não vi isso acontecer aqui em Recife, mas já vi lugares onde a prefeitura quer reduzir a aglomeração no transporte público reduzindo o número de coletivos em circulação.
Eu suponho que no mundo pós pandemia iremos ver leis obrigando estabelecimentos comerciais a serem menos apertados ou mais ventilados do que hoje, ou pelo menos uma classificação dos estabelecimentos de acordo com o grau de segurança e que só os acima de um determinado grau poderão ficar abertos em caso de epidemia. Mas espero que essas leis sejam escritas por pessoas mais sãs do que as que estão gerenciando essa crise.
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 Jefferson,  05 de maio de 2020, COVID-19 Dependendo de quem está falando, é muita ingenuidade/burrice/malícia dizer que “todo mundo vai ser infectado de qualquer forma”, “quem está suscetível a morrer da doença vai morrer de qualquer jeito” ou “o número de mortos vai ser o mesmo. Só vai levar mais tempo”.
Quando eu fiz minha cirurgia no início do ano o número de pessoas diferentes me fazendo as mesmas perguntas desde a saída do quarto até deitar na cama na sala de cirurgia foi tão grande que se eu não desconfiasse de que se trata de um protocolo para evitar erro médico eu teria ficado irritado com a incompetência. É justamente o contrário. Segue-se um rígido ritual para evitar que erros sejam cometidos, porque erros são cometidos se o ritual não for seguido.
Com o sistema de saúde em colapso, principalmente considerando a realidade brasileira:
1)Teremos médicos e enfermeiros que em outra situação seriam competentes sobrecarregados e cansados, ignorando protocolos, errando ou esquecendo a medicação, sem tempo para prestar atenção aos sintomas, esquecendo de fazer anotações importantes, confundindo pacientes… E não estou falando só de pacientes de COVID-19, porque a sobrecarga vai afetar todo mundo que procurar atendimento hospitalar. Todos vão esperar mais por um atendimento pior. Minha mãe no ano passado esperou por uma hora para ser medicada no hospital agonizando com uma pedra nos rins. Eu não quero vê-la passando por uma agonia de duas, três, quatro horas…;
2)Muitos médicos e enfermeiros simplesmente incompetentes que de outra forma não teriam oportunidade de matar ninguém, vão matar mais um monte de gente;
3)Muitos médicos e enfermeiros afastados por terem se contaminado que estão apenas com sintomas leves, mas tem que ficar em isolamento. Se dermos o tempo adequado todos poderiam já estar de volta antes do colapso;
4)Diante de uma situação em que os corpos começam a se empilhar, a empatia começa a falhar. O esforço parece não estar adiantando nada. Todo mundo passa a ser tratado como um futuro defunto;
5)Vai faltar medicação, EPI e atendimento quando de outra forma não faltaria;
6)Gente vai morrer de causas outras que não seja COVID-19 porque faltou leito, pessoal, medicação, atenção, etc. Quando de outra forma poderiam ter sido salvos, Sofreu um acidente de carro/moto? Peraí que todas as ambulâncias estão ocupadas. Conseguiu chegar no hospital pelos seus próprios meios? “Esse aqui está lotado. Mas você pode tentar o outro do outro lado da cidade. Alguém me disse ontem que lá ainda existem vagas…” ;
7)A situação está ficando cada vez melhor para quem quer se livrar de um parente, vizinho ou inimigo. Não há legistas, polícia ou imprensa suficiente para dar atenção a uma certa morte súbita que de outra forma atrairia curiosidade. Entre dar entrada no hospital e o enterro com um atestado de óbito feito às pressas, vai ser tão rápido que ninguém vai lembrar que aconteceu. Tem algum parente que você apenas tolera na sua presença porque a família obriga mas você sabe que ele(a) adoraria você morto? Esta definitivamente não é a hora de recebê-lo(a) como visita ou aceitar presentes de “paz”;
8)Etc, etc, etc. Junte todas as tragédias do cotidiano normal brasileiro no que diz respeito à saúde pública (e privada) acontecendo todas de uma vez.
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 Jefferson,  03 de maio de 2020, COVID-19, manutenção Verifique se você não foi colocado acidentalmente como proprietário do grupo em vez de membro.
Clique com o botão direito sobre o avatar da equipe, escolha no menu Gerenciar Equipe -> Membros e veja se você aparece como Proprietário ou Membro.
Pronto. Agora sim eu virei o arauto do apocalipse.
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 Jefferson,  01 de maio de 2020, COVID-19 Toda vez que eu vejo uma notícia de que o PROCON multou esta ou aquela agência da CAIXA por causa das filas para pegar o benefício emergencial eu me espanto com o absurdo da situação. Se alguém tem que ser multado por isso não deveria ser o governo por afunilar dessa forma a distribuição do dinheiro? Eu não sei como resolver o problema hoje, mas para o futuro eu imagino que seria prudente se a carteira de identidade do indivíduo fosse um smartcard que pudesse ser recarregado rapidamente em segundos (e quase sem contato) com o auxílio emergencial aproveitando a rede já existente, por exemplo, de aparelhos que podem carregar os cartões de vale transporte. Eu carrego o meu numa lojinha de variedades de menos de 20 metros quadrados a 100m da minha casa em um equipamento semelhante ao usado para fazer uma compra com cartão de crédito, o que para mim indica que essa capacidade existe em toda parte (veja a Rede Ponto Certo e a Rede Siga, por exemplo). Isso tem um custo de cerca de R$2, mas é irrisório diante das alternativas. Eu não sei qual seria a dificuldade de fazer isso usando um celular com capacidade de pagamento (Apple Pay, Google Pay, etc), mas seria outra opção que permitiria carregar até via internet.
Eu acho muito bom ver muitas empresas se dedicando a consertar de graça os equipamentos hospitalares que estão quebrados, mas não posso deixar de pensar que esses aparelhos podem não estar sendo consertados adequadamente. Não é qulaquer técnico em eletrônica que pode consertar um equipamento cujo erro pode levar à morte. É preciso ajuda do fabricante, com acesso a informações detalhadas, às peças específicas e às vezes até treinamento específico. É melhor que nada, mas eu não me surpreenderia se após essa crise todo esse equipamento consertado “irregularmente” fosse descartado. Eu não sei aqui no Brasil, mas no EUA é especificamente ilegal consertar esses equipamentos sem qualificação específica, embora o FDA compreensivelmente esteja ignorando qualquer esforço desse tipo durante a pandemia.
Ainda sobre o assunto dos ventiladores, por enquanto raramente se vê notícia sobre empresas “chiando” porque essa ou aquela patente está sendo violada pelos esforços de outras empresas para construir ou consertar ventiladores porque isso é péssimo do ponto de vista das relações públicas. Mas não impede que aconteça. No mês passado um indivíduo que estava construindo por um dólar em uma impressora 3D uma válvula que o fabricante cobra 11 mil dólares (!?) para substituir foi ameaçado de processo pelo fabricante quando se atreveu a pedir a eles informações mais detalhadas (uma versão revisada da noticia informa que a empresa não ameaçou processar, mas informou que era ilegal). Quando a poeira baixar, se as leis não mudarem, eu imagino que um número substancial desses ventiladores que foram construídos às pressas terão que ser sucateados por quase que inevitavelmente infrigirem uma dúzia de patentes.
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 Jefferson,  29 de abril de 2020, COVID-19 Pode procurar por “oxímetro” no Google. Todos os anúncios em que cliquei ou estão esgotados ou são intemediações de compras internacionais ou são de vendedores que por alguma razão não enviam para o meu CEP. Eu cheguei a ver um anúncio cobrando R$704 pelo oxímetro no marketplace magalu.
Decidi comprar pela Aliexpress mesmo sendo absolutamente incerto quando vai chegar. Aproveitei para encomendar sensores MAX30102 (afinal, custam apenas R$12) para fazer os meus próprios oxímetros com um ESP8266 e ver o resultado no celular.
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 Jefferson,  24 de abril de 2020, COVID-19, lisarb Eu deveria.
É simplesmente estarrecedor. Não importa o tamanho da mentira. Não importa o quão absurda e o quão fácil seja para uma pessoa razoavelmente informada saber que é mentira sem nem mesmo fazer uma pesquisa. Crie um texto que tenha pelo menos uma frase que seu público alvo quer ler/ouvir e o resto pode ser completamente insano.
E não importa quantas vezes você demonstre que a informação é falsa. É mais fácil a pessoa que acreditou parar de dar atenção a você do que parar de dar atenção aos mentirosos. Afinal, você insinuou que seu amigo é ignorante e o mentiroso está fazendo seu amigo acreditar que é um dos poucos que sabem “a verdade”.
Tudo isso acompanhado de uma campanha para minar a confiança na imprensa que vem dos dois extremos do espectro político.
Eu deveria me aproveitar disso, mas não consigo.
E infelizmente eu só vejo isso mudando com uma lei que reduza nossa liberdade de expressão e/ou nossa privacidade e todo mundo conhecer pelo menos uma pessoa respondendo a processo por divulgar notícias falsas. Porque isso é muito mais fácil do que educar o povo.
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 Jefferson,  20 de abril de 2020, COVID-19, WTF O maior inimigo de Bolsonaro é ele mesmo.
É uma situação bizarra. Se Bolsonaro for impedido, o PT tem menos chances de voltar ao poder do que se ele continuar no cargo até o próximo pleito. Então quem acaba tendo maior interesse em apresentar pedidos de impeachment são seu antigos aliados, o que só reforça a narrativa da conspiração.
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 Jefferson,  15 de abril de 2020, COVID-19, WTF Quando um avião de passageiros cai, o mundo inteiro quer saber o motivo. As autoridades não dão de ombros e dizem “ainda é estatisticamente o meio mais seguro de viajar”. Mesmo quando são “só” 187 pessoas, como no caso do vôo 3054 da TAM. O mundo inteiro quer saber por que aconteceu e como evitar que aconteça de novo. Toda a linha Boeing 737 Max está proibida mundialmente de voar há mais de um ano porque 346 pessoas morreram em duas quedas num intervalo de quatro meses.
Entretanto, com o equivalente a entre dois e quatro boeings lotados caindo por dia em uma região da Itália que é menor que o estado de Pernambuco (e tem a mesma população), as pessoas ainda ficam dando atenção a números que dizem que estatisticamente mata menos que uma gripe comum. Mesmo diante das autoridades locais mostrando claramente que é uma tragédia diária e não “business as usual”.
Eu não entendo essa lógica.
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Mas vamos ao que realmente interessa: cuscuz com ovo é gostoso?
Eu acho que preciso de um exemplo envolvendo chimarrão e churrasco para vocês do sul entenderem
Até eu que não sou do sul vou adorar esta!
Deu até nó na cabeça, mas ok. Quem acredita que comer cuscuz com ovo da certo bem que coma, quem não quer e não acredita não coma e passe bem.
O que eu acho errado é me proibir de acreditar que o cuscuz com ovo dá certo. Penso que, cada um no seu quadrado, cada um é dono do seu nariz e decide se quer ele inteiro o que ser dar de cara com ele no poste o no chão.
Eu não creio que a lei brasileira o proíba de acreditar no que você quiser. Afinal, não é ilegal sequer acreditar que a terra seja plana. O que a sociedade percebeu há muito tempo (possivelmente séculos) é que é preciso criar mecanismos que, dentro de certos limites, protejam o indivíduo e aqueles que o cercam dos efeitos mais perigosos da ignorância.
O problema do cuscuz com ovo é particularmente grave. É você querer convencer a população (no caso das seitas ao redor de Bolsonaro e Trump) que cuscuz com ovo é um tratamento eficaz para uma doença que não tem tratamento conhecido. Isso cria pelo menos dois problemas:
1)Cria uma falsa sensação de segurança, de que a pessoa tem uma rede de proteção (completamente imaginária) se decidir andar à beira do abismo.
2)Praticamente proíbe a pesquisa de um tratamento realmente eficaz. Afinal vai de anti-etico a monstruoso testar medicamentos em pessoas se já existe um tratamento, certo?
No caso do cuscuz com ovo francês existe um terceiro: um pequeno percentual de pessoas que não morreria vai morrer (ou sofrer ainda mais) dos efeitos colaterais.
O que eu acho engraçado é as opiniões flutuantes, que tende para o lado que melhor convém ao momento. Uma certa emissora de tv, tem uma reportagem a época da “dona zica” que só faltou dizer com todas as letras, coma o cuscuz com ovo, ele salva vidas.
Se ele salva ou não quem tem que dizer isso são os médicos. O mais confuso é que existem as duas opiniões.
Pior, antes disso tudo o cuscuz com ovo era vendido sem o menor problema, sem cardápio sem nada. Era e ainda é usado pra outros tipos e muita gente tomava por outros motivos, ai veio essa bagunça toda e ele simplesmente sumiu, não se acha ovo pra fazer o cuscuz.
Essa de as opiniões pender pro lado conveniente, sempre me vem a história do.. ovo faz bem ou mal? De tempos em tempo aparece, faz mal… não coma, ai vem um outro estudo e diz completamente o contrário, coma que faz bem.
Me expressei mal na parte do proibir de acreditar. Seria mais adequado dizer me proibir de comprar material sobre o assunto.
A explicação oficial para isso é que a compra descontrolada e desnecessária do medicamento estava fazendo o medicamento faltar para quem precisa. Se está realmente faltando na sua localidade, você pode atribuir isso à irresponsabilidade de dois presidentes e à ignorância geral da população. Já se pode ser encontrado mas o farmacêutico exige prescrição… você deu uma olhada na bula do cuscuz e na bula do ovo?
Nisso eu concordo com você. Nossa medicina às vezes não parece ter evoluído muito desde a época em que colocar sanguessugas no corpo era um tratamento oficial. Mas é o que nós temos e é melhor do que acreditar na “medicina das redes sociais”.
Entretanto, o disparate desse estudo francês apenas escancara um problema que já era conhecido há muito tempo: que muitos “pesquisadores” se aproveitam de falhas nos processos de “peer review” para publicar estudos fajutos por variadas razões. Às vezes nem eles mesmos sabem que o estudo tem erros de metodologia, mas no caso do estudo francês o cara sabia perfeitamente o que estava fazendo e graças ao fato de que ele era considerado uma autoridade no assunto o estudo viralizou rapidamente apesar de ser evidentemente ruim. Como é possível considerar válido um teste feito com apenas 26 pessoas das quais seis foram retiradas do resultado?
Você não consideraria suspeito um teste de um novo tratamento que começa com 26 pessoas, termina com 20 e proclama 100% de sucesso?
Caramba… até álcool desapareceu das prateleiras de Recife por pelo menos um mês porque as pessoas compraram mais do que realmente precisavam. Eu achei inacreditável em um estado onde usinas de álcool são praticamente um patrimônio cultural e foi então que eu descobri duas coisas:
1)O “gel” do álcool em gel (o espessante) requer uma substância importada da China, Índia e Alemanha.
2)As usinas de cana de açúcar são proibidas pela Anvisa de produzir alcool antiséptico.
Tem coisa pior… papel higiênico! No inicio da prisão domiciliar, um amigo em comum nosso viu uma senhora botar nada mais nada menos que (senão me engano) 6 fardos de 16 rolos no carrinho e ao ser indagada era medo de faltar.
Pior, eu vi cena similar por aqui algumas vezes.
Ai vem a pergunta, quanto dura um rolo em média? 15 dias? Ai a senhora levando 6 fardos de 16 rolos fica 2 anos sem comprar… misericórdia né?
Isso pode ter alguma coisa a ver com de onde essas pessoas obtém informação. Possivelmente essas pessoas tem parentes ou amigos no EUA, porque lá houve mesmo falta de papel higiênico. Alguns atribuem isso a um rumor que circula há muitos anos nos EUA de que uma piada feita pelo comediante Johnny Carson em 1973 sobre escassez de papel higiênico provocou uma grande escassez do produto no mesmo ano.
Esqueci de dizer que existe também os que compram em grande quantidade não com medo de que falte, mas na esperança de que falte. O intuito é revender por preços exorbitantes depois.
É por causa desse tipo de comportamento que aumentar preços sem uma explicação durante uma crise é ilegal tanto aqui quanto nos EUA (e suponho que em qualquer sociedade sã). Do contrário acontecem coisas como a dos dois irmãos do Tennessee que viajaram por dois estados esvaziando prateleiras para revender os produtos por um valor exorbitante depois. Eles só quebraram a cara porque a Amazon, que era o único canal que eles tinham para dar vazão ao estoque, decidiu proibir a venda por preços abusivos já no dia seguinte.
O “engraçado” é que eles só entraram no radar das autoridades porque foram posar de coitados para a imprensa por causa do “prejuízo” que iam ter.
Quando eu vi a primeira notícia de que postos de gasolina estavam sendo multados por aumentarem o preço da gasolina durante a greve dos caminhoneiros eu achei errado, porque “compra quem quiser” e se você tem estoque você faz seu preço. Mas agora eu percebo que a lei existe para reduzir o incentivo a comportamentos como o dos irmãos norte-americanos, que não se limitam a aproveitar uma escassez, mas vão provocar uma escassez artificial motivada por ganância.