A recuperação automática de boot do Seven nunca resolve o problema e ainda pode provocar um desastre.

De vez em quando eu sou chamado para resolver um problema do Windows 7 no qual o PC ficou preso em um loop onde a cada vez ele passa uma eternidade dizendo que encontrou um problema de inicialização e está tentando consertar, mas nunca consegue. Aliás eu não sei o que tanto o Windows faz nesse processo. Ele deve estar contando quantas fotos de mulher pelada o usuário tem no HDD, porque eu não encontro uma explicação melhor para o sistema ficar uns 10 minutos ocupado nisso.

E muitas vezes a gente consegue consertar o problema manualmente em segundos com dois simples comandos:  bcdedit.exe /fixmbr e bcdedit.exe /fixboot no console, que equivalem aos antigos fixboot e fixmbr do XP. Por que a recuperação automatica não faz o mesmo sozinha, nem pergunta se você quer que ela faça por você, é um mistério. E não é porque ele tenha medo de fazer algo drástico, porque ele não tem, pois na semana passada eu me deparei com uma evidência assustadora disso.

Eu recebi um servidor NAS Western Digital Netcenter de 500GB com a missão de tentar salvar os arquivos que haviam sumido. Não havia nenhuma partição no HDD. Testdisk não conseguia resolver o problema mas após eu indicar que a partição que eu estava procurando poderia ser do Mac OS (eu testei todas as opções de detecção), ele sugeriu que o sistema de arquivos presente pudesse ser o ReiserFS (linux).

Uma rápida pesquisa usando isso como dica confirmou que realmente era esse o sistema de arquivos e explicou como eu poderia consertar.

Fiquei animado. Mas por precaução decidi fazer uma cópia setor-a-setor do disco para outro HDD de 500GB e trabalhar apenas na cópia. Como eu só tenho segurança do que estou fazendo quando estou usando o Windows, fui usar ferramentas Windows e coloquei o HDD do cliente como escravo em um desktop reserva onde tenho dual-boot Seven e XP. Achei que não haveria problema algum já que para o Windows o HDD estava não-particionado e teoricamente o Windows não faz nada em um HDD assim sem o seu conhecimento e permissão.

Descobri que isso só é verdade até o XP.

O boot primário desse desktop era o Seven, porque foi o último SO a ser instalado. Em um momento eu me esqueci disso, reiniciei a máquina e saí. O Windows 7 iniciou automaticamente. Isso também não deveria ser problema, mas por alguma razão bizarra, apesar do bootloader ter sido carregado do HDD certo, o boot manager (que é carregado pelo bootloader) pensou que o HDD do Windows 7 era o outro, sem partição. A recuperação de boot do Seven foi acionada automaticamente e tentou “consertar” o problema.

Quando eu vi o que estava acontecendo já era tarde. Desliguei a máquina e rodei o Testdisk de novo no HDD com a esperança de que ele ainda me desse a dica de que o sistema era ReiserFS.

NADA!

Para o Testdisk, não havia mais nada no HDD. O Seven destruiu o resto da tabela de partições e algo que eu poderia ter resolvido em no máximo algumas horas se tornou um enorme problema.

Para a minha sorte ReiserFS é um sistema de arquivos obscuro mas nem tanto. Encontrei um programa de recuperação comercial específico para lidar com ele: o Raise Data Recovery for ReiserFS. Quando eu vi a versão demo, que roda sob Windows, abrir sem qualquer dificuldade um “Explorer” exibindo as pastas que eu sabia existirem no HDD, achei até barato os 21 euros que ele custa. Paguei com Paypal, recebi a licença segundos depois (não precisei fazer ativação online nem qualquer outra frescura) e em poucas horas eu já tinha os cerca de 400GB de dados do HDD copiados para outro.

Fica então o alerta: cuidado com o bootloader do Windows 7. Infelizmente não dá para simplesmente descartar o Seven como ferramenta de análise porque o XP é incapaz de enxergar partições GPT criadas pelo Vista/7/8 e faz você achar que um HDD perfeitamente OK está vazio. Mas se você tem certeza de que a partição não é GPT, não deixe o seu HDD chegar nem perto do Windows 7!

Por que eu não usei o próprio Linux para resolver o problema, economizando assim os 21 euros?

Eu até tentei, mas não encontrei nada amigável. Tudo era para fazer por linha de comando.  Para quem tem proficiência no Linux isso pode não ser problema, mas quando você está tentando fazer recuperação de dados, não ter 110% de certeza do que você está fazendo não é opção. Ora, se até usando uma interface gráfica eu consegui confundir os discos e provoquei aquele desastre de 2007, imagine em um sistema onde estou só seguindo instruções que nem podem ser aplicáveis à distro ou hardware específico que estou usando? Meu HDD origem é o hda? hdb? sda? sdb? hd0? hd1? Eu não sou o único a achar isso confuso.

Antigamente era mais simples fazer uma imagem setor-a-setor de um disco

Eu fiquei impressionado com a incapacidade de vários programas de clonagem modernos, inclusive os comerciais caros para Windows, de fazer uma cópia setor-a-setor. Testei um punhado de programas e até o Clonezilla (LiveCD do Linux)  foi incapaz de me dar a opção de clonar um disco “aparentemente” vazio. Sem uma partição compatível os discos só aparecem na listagem como “alvo”. E olha que em qualquer prompt de linha de comando do Linux isso é teoricamente possível usando o comando dd, que eu não usei por cair na mesma insegurança do problema anterior.

Eu só me lembrei que o HDD RAW Copy faz isso depois que o Seven complicou tudo. E eu ainda vou usá-lo para ver se eu poderia ter recuperado a partição do HDD do Netcenter “na munheca”.

1 comentário
  • Luciano - 489 Comentários

    Interessante suas anotações! Principalmente por causa do HDD RAW Copy. Um que eu sempre usei pra clonar hd bit a bit foi o velho Drive Image. Só que… ultimamente ele anda se estranhando com A) várias controladoras sata. B) HD grandes.

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