Disponível na Netflix. Neste texto eu tento evitar spoilers.
Ignore o hype que diz que a série se parece com Game of Thrones porque as únicas semelhanças notáveis são os peitos de fora (e os únicos que são minimamente interessantes são os de Anya Chalotra) e a direção e roteiro fracos das duas últimas temporadas de GoT.
No primeiro episódio já temos a corcunda que se teleporta diante de duas testemunhas que a conhecem e… ninguém comenta a respeito depois. Mousesack simplesmente desaparece durante sua fuga com a princesa como se tivesse ido bater um papo com os soldados inimigos. E você só vai chegar a esse ponto se não tiver desistido da série logo nos dois primeiros minutos, ao testemunhar a batalha de Gerart na água que em um momento é funda como uma piscina olímpica e no outro não passa de uma poça.
Inconsistências demais. Num episódio Gerart é praticamente invencível mesmo enfrentando sozinho monstros formidáveis e no outro apanha ou é quase derrotado por um humano qualquer. Numa hora Yennefer pode fazer coisas inacreditáveis e em outra fica parada como se fosse impotente. Aprendemos de forma bem didática que a mais simples magia requer sacrifício enquanto vemos grandes feitos não parecerem requerer sacrifício nenhum. Num episódio Gerart tem o nariz de um cão farejador e no outro parece que está com o nariz entupido. Criaturas “míticas” fazem coisas “impossíveis” (palavras do próprio Gerart) e nem o Lobo Branco, nem mais ninguém faz qualquer comentário posterior a respeito. Num universo sem regras não há emoção, porque o roteirista pode inventar qualquer coisa, qualquer problema e qualquer solução para o mesmo.
Constrangedor. Eu me considero uma pessoa de mente aberta mas da forma brusca e absurda como foi apresentado o romance de Duny com Pavetta até eu ia querer arrancar a cabeça dele, repetidas vezes.
A linha do tempo é propositalmente confusa. Passado e presente se misturam e só fui notar isso no episódio quatro. E continuou me confundindo até o episódio sete, quando passado e presente parecem ter finalmente se encontrado. O que o diretor tinha na cabeça quando decidiu fazer dessa maneira ainda é um mistério para mim. E mesmo quando estamos vendo apenas o passado, anos se passam de uma cena para a cena seguinte com os mesmos personagens, sem aviso, porque ninguém parece envelhecer nessa série. A Yennefer do episódio quatro é pelo menos trinta anos mais velha que a Yennefer do episódio três e mesmo prestando atenção ao diálogo você acha mais fácil acreditar que não entendeu o que foi dito do que acreditar que 30 anos se passaram de uma cena para outra. Eu achei que ela estava falando de modo figurado. Na minha opinião, cada flashback precisava vir acompanhado do texto “xx dias antes da invasão de Cintra”. Agora eu preciso assistir de novo só para colocar os eventos em seu devido contexto, mas não vejo nenhum ganho com isso. Em muitas obras o diretor me fez assistir de novo e eu fiquei grato pela surpresa mas o caso de Witcher é o primeiro em que eu fiquei p*to. Se isso for explicável por causa da minha notória dificuldade para lembrar de rostos eu aceito retirar a reclamação.
Os atores não são grande coisa. Henry Cavill, que é o único rosto conhecido, continua interpretando Henry Cavill. Pode ter sido a escolha perfeita para o papel de superman rabugento, mas tirando o mau humor não parece diferente de nenhum outro papel dele. E no quesito interpretação Anya Chalotra estava melhor antes de sua transformação.
Estou curioso para ver o que acontece na segunda temporada, mas só curioso. Se a série tivesse sido cancelada não ia me fazer a menor falta.
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