Na academia eu usava o xiaomi Poco X3 GT para cronometrar meus exercícios de mais de 10 minutos sem problema algum. Eu deixava o telefone no chão e podia acompanhar, sem precisar interromper o que estava fazendo, o tempo em cada parte do exercício. Aí de um dia para outro a tela do telefone passou a apagar após dois minutos. Fiquei sem saber o que tinha ocorrido até notar que a posição dos botões na tela do app também tinha mudado. Eu tenho o hábito de bloquear as atualizações automáticas do Google Play para não ser mordido por essas coisas mas, como descobri depois disso, a Xiaomi tem seu próprio processo de atualizações de apps.
Eu posso entender a tela desligar com o timer rodando. Você ajusta para x minutos e tudo o que você espera é ouvir o alarme no fim. Mas durante o uso do cronômetro? Quais as aplicações de um cronômetro onde o usuário não quer ver imediatamente o tempo ao olhar?
Acabo de testar com o telefone bem mais modesto que aposentei dois anos atrás, o Samsung A11 (2021, Android 11): a tela permanece acesa com o cronômetro rodando.
Em tempo: o maior problema nem é a atualização automática: é a ausência de um mecanismo para reverter essa atualização, que resolveria o problema do usuário e serviria para sinalizar ao desenvolvedor o descontentamento do usuário com a novidade. Isso não seria difícil, porque as versões anteriores de um app usadas pelo usuário poderiam ficar armazenadas no próprio dispositivo do usuário. Não haveria custo de infraestrutura. Mas Google e Apple decidiram que priorizar a vontade do desenvolvedor é mais importante que a do usuário.
Eu sei que isso seria complicado no caso de apps multi-gigabyte como jogos e no caso de apps que precisam estar atualizadas para conversar com o backend, como aplicações bancárias e o whatsapp (que mesmo assim é desenhado para poder conversar com versões mais antigas, embora com menor funcionalidade).
Mas um cronômetro?
Desde que eu comprei o telefone a Xiaomi não parece perder uma oportunidade de me deixar puto. Primeiro uma atualização no gerenciador de arquivos (!) trouxe tanta propaganda que deixou seu uso quase inviável. Depois o media player passou a me encher o saco repetidamente me oferecendo mídia online quando tudo o que eu queria era executar meus arquivos na memória do celular. Depois passou a se colocar como intermediária em todo o processo de atualização de app, querendo que eu baixasse a mesma (?) da app store dela. Aí veio uma atualização que paralisou completamente a funcionalidade de assistência e não pude mais usar a utilíssima (para quem não enxerga mais bem de perto) lupa de tela.
Meu telefone foi furtado essa semana. Por esses e outros motivos (eu nem contara a vocês que o Poco X3 GT, apesar de ter tela Gorila Glass, foi o primeiro telefone cuja tela eu quebrei) eu já encomendei um Motorola. Talvez, daqui há alguns anos, eu dê uma nova oportunidade à Xiaomi. Eu adorava a câmera, o microfone e a velocidade de carregamento.
A propósito, o telefone que eu perdi, Poco X3 GT 8/256 me custou R$1750 há dois anos. Me ofereceram um Poco X6 Pro por R$2150 e fiquei balançado, mas as circunstâncias da perda do meu telefone foram tão idiotas que, por enquanto, preferi comprar um Motorola Moto G54 por R$1100. O telefone de 2023 tem especificações muito semelhantes às do Poco X3 GT de 2021 e eu prefiro correr o risco de perder tolamente R$1100 a perder R$2150.
Cada vez mais perdemos o controle das “nossas” coisas. Imagino que ainda vá piorar muito.
Não há nenhuma indicação de que vá melhorar.
> as circunstâncias da perda do meu telefone foram tão idiotas
até fiquei curioso por essa história agora
Como diz uma amiga: “não posso ver uma vergonha que eu quero passar!”
Vamos lá, então:
Eu coloquei o meu telefone sobre o teto do carro e esqueci de tirar
Quer mais tolo e vergonhoso que isso?
Eu SEI que não devo deixar nada sobre o teto do carro, mas meu cérebro fez isso *no automático*. Eu só me dei conta de que fizera isso ao investigar o sumiço do telefone. O Google Timeline indicou que o telefone desapareceu no meu trajeto de carro, onde eu não havia desembarcado. Fui olhar na gravação das câmeras da casa e vi o carro saindo com o celular no teto.
Para o meu azar, meu destino era ao mesmo tempo próximo, o que não exigia que eu sentisse falta do Waze, e passando por um mercado popular de tráfego lento conhecidíssimo pela plorififeração de ladrões. Ao passar pelo mercado, o meu telefone foi visto e retirado do teto. Minutos depois o telefone desapareceu da rede Find My Device da Google.
Nota: Entre o telefone e a capa, transparente, eu tinha um cartão de ônibus com meus dados e três cartões de visita com tudo o que é preciso para entrar em contato comigo.
Bom, não te culpe demais por isso, antes dos celulares o que não faltava era carteira indo passear no teto do carro.
Eu nunca fiz isso porque geralmente nem tiro do bolso para entrar/sair do carro, MAS, umas décadas atrás já entrei na garagem (baixa) com uma bicicleta no rack de teto, da qual eu lembrei imediatamente quando ela foi arrancada e jogada ao chão (bateu no vidro traseiro mas felizmente não quebrou).
Hoje eu uso somente carregador na bolota do reboque, mas enquanto ainda usava aquele de teto adotei reliosamente a prática de colocar o controle remoto da garagem na bolsa de quadro da bike, assim chegando em casa eu não tinha como abrir o portão e lembrava “ah! descarregar a bike antes”, hehehe.