Minha mãe tem 78 anos e tem direito aos serviços de assistência para pessoas com mobilidade reduzida dos aeroportos desde nossa primeira viagem em 2018. Não custa um centavo a a mais e o serviço consiste em levar a pessoa de uma forma segura desde o balcão de check-in até a porta do avião e da porta do avião até a saída do aeroporto ou à porta do próximo avião. Dentro da área coberta do aeroporto normalmente você tem uma pessoa que traz uma cadeira de rodas e a empurra, conduzindo o grupo durante todo o trajeto. Às vezes é um pequeno veículo motorizado e até os acompanhantes podem embarcar nele. Na área externa, vans adaptadas são usadas. Você não embarca nos ónibus como os outros passageiros. E a passagem pela imigração tem prioridade.
Quando você opta pela Assistência nem consegue obter o cartão de embarque ao fazer o check-in online. O sistema obriga você a ir até o balcão da companhia para emitir o cartão e iniciar a Assistência.
Na segunda viagem, quando estávamos fazendo a conexão em Lisboa com destino Dublin, mamãe estava se sentindo bem e dispensamos a assistência. Foi péssimo negócio. Ficamos mais de uma hora na fila da imigração e quando caminhávamos para o outro terminal mamãe passou mal. Mamãe suporta passar mais tempo que isso caminhando ou de pé, mas acho que as oito horas de vôo mal dormidas não ajudaram. Só durou alguns minutos, mas foi preocupante. A caminhada é looooonga sem ver um único funcionário do aeroporto a quem pedir ajuda.
Horas depois, no portão de embarque, nova fila com mamãe de pé (desta vez mais porque convencer mamãe a ficar sentadinha esperando a fila esvaziar costuma ser uma batalha perdida)*. Perguntei à moça da TAP que estava perto se mamãe tinha prioridade e ela olhou para mamãe e disse que não, porque ela parecia bem. O problema foi que eu fizera a pergunta errada. Ao chegar no balcão e apresentar o cartão de embarque eu perguntei a outra moça se estava registrado que minha mãe “tinha direito à Assistência”. Ela olhou, viu que tinha e imediatamente nos conduziu a um elevador próximo e passou o crachá para que pudéssemos descer sem passar pelas rampas como os outros passageiros.
No avião, quando eu já estava esperando uma oportunidade para pedir a Assistência na chegada, uma das comissárias nos abordou indagando por que ela tinha o registro de que minha mãe chegaria com Assistência, mas chegamos como passageiros comuns (quem tem direito a Assistência embarca primeiro e eles devem ter um registro de quantas pessoas e em quais assentos). Expliquei para ela o ocorrido e daí para a frente tivemos tratamento VIP.
Desta vez não cometemos esse erro e esperamos pela Assistência em Lisboa. Devíamos realmente ter feito isso antes. Desta vez nem sequer passamos pela imigração. O funcionário que empurra a cadeira de rodas usou o acesso privilegiado dele para nos conduzir por caminhos especiais e sequer saímos da área internacional do aeroporto. Quando eu pensei que ainda íamos passar pela imigração, ele já estava nos deixando no portão do vôo em destino a Dublin. Como o vôo ainda ia demorar 3h ele foi embora informando que outra pessoa viria nos buscar, como normalmente acontece nesses casos. No trajeto, só precisamos passar por uma esteira de raio-x sem fila alguma.
Usar a Assistência só tem vantagens.
*Quanto à ficar sentado esperando a fila esvaziar, conseguimos convencer mamãe a esperar no vôo de Dublin para Londres, mas isso teve um efeito inesperado: quando finalmente embarcamos alguém estava sentado no lugar de mamãe, na janela. Ponderei por alguns segundos e entre o curto tempo de vôo (1h), o fato de que o lugar vago, no corredor, também era conveniente para ela e o fato de que eu não estava confiante de que eu ia conseguir sustentar em inglês o stress de uma possível discussão com um “ladrão de janelas”, deixei para lá (eu fujo de situações estressantes, até porque eu tenho a tendência a me exaltar muito rápido quando entro em uma). Os lugares tinham sido obtidos por sorteio mesmo (não paguei extra pela janela) e eu tinha que ir sentar ainda várias fileiras à frente.
Nota: eu realmente não sei se deveria ou não ter escrito Assistência nesse contexto com inicial maiúscula. Me senti compelido a fazer, mas não estou certo de que esteja correto.
É só um palpite, mas eu acho que pedir Assistência aumenta suas chances de que no sorteio de assentos a pessoa que requer assistência pegue um lugar junto com outra pessoa do grupo. Nos vôos da Ryanair entre Dublin e Londres não pedimos assistência e apesar de ser uma reserva em grupo o sorteio de assentos nos colocou em filas diferentes. Em uma das viagens, 10 fileiras de distância uns dos outros. Foi a primeira situação desse tipo e eu fiquei preocupado porque minha mãe não consegue entender nada além de “thank you” e “sorry”.
Sobre a Assistência ter nos feito evitar a imigração em Lisboa, fui informado que esse é o normal agora por lá. Se você tem um vôo de conexão não sai mais da área internacional do aeroporto.
“sustentar em inglês o stress de uma possível discussão com um “ladrão de janelas””
Se fosse eu, não me estressaria com o “ladrão de janelas”. Se até bilhete de cinema vem com o numero do assento, sinal que é pra cada um sentar no lugar que lhe foi designando. Eu teria jogado o abacaxi nas mão da comissária de bordo e deixa ela resolver o causo.