Adorei Passengers

Cuidado! Spoilers!

O filme é rico em detalhes que me mantiveram entretido, começando pela ciência, como o escudo de energia e a falta de gravidade no elevador. Depois veio o drama do primeiro “náufrago”, sua desorientação, seu comportamento ao descobrir sua situação, o pânico no pod que ele achou que tinha consertado e por um breve instante achou que poderia ser seu caixão, o conflito interno a respeito de acordar ou não Aurora[1]. A inteligência artificial do Barman bem ali no limite entre um ser humano de verdade e uma máquina… Eu tinha acabado de comentar com meu amigo José Carneiro como eu não tinha mais humor para drama e preferia ficção científica, mas estava ali me deleitando com a situação dramática do personagem.

O único defeito que posso apontar no momento é o fato de ser um tanto previsível. Ao apresentar Aurora para a audiência como o primeiro rosto humano em que Jim reparava[2] , ficou evidente que o personagem de Jennifer Lawrence não ia entrar em cena, falando e andando, por obra do acaso. Já havia sido estabelecido que “pods não dão defeito” e isso não iria acontecer de novo para acordar, dentre cinco mil pessoas, justamente a única que conhecíamos. Também ficou claro com antecedência (antes mesmo dela acordar, caramba) que ela iria descobrir, que provavelmente iria ser o barman a contar (meu segundo palpite era ela descobrir por logs que ele havia lido sobre ela numa data anterior a ela acordar) e até qual seria sua reação. Eu também sabia, quando Jim estava mandando uma mensagem para a Terra, que o computador iria dar a ele uma má notícia bem grande depois do envio[3]. E quando Jim foi ejetado com um pedaço de cabo ainda preso a sua veste, como seria o seu resgate.

Mas mesmo contando com as imperfeições, valeu cada minuto.

 

[1] Não consigo citar de cabeça nenhum outro filme onde a sinopse oficial é evidentemente mentirosa, mas que ao descobrir isto você concorda que foi melhor assim;

[2]Oops… não foi o primeiro. O primeiro foi o de um homem aos 20m38s em um pod que ele olhou por dois segundos sem motivo aparente para a trama;

[3] Aliás, é tão sem sentido que o serviço nem deveria existir, para começar. Mas eu entendo que a cena foi exibida para benefício da audiência.

18 comentários
  • Intruder_A6 - 194 Comentários

    Eu também gostei muito e quando estiver disponível por torrent baixarei para assistir de novo.

    A parte mais implausível é estar olhando para um reator de fusão funcionando apenas com uma janela separando, e por mais reforçada que seja esta janela não atravessaria apenas luz por ela mas também muita radiação e nêutrons de alta energia. Mas eu gostei muito de Star Wars e ele viola muitas leis da física, e este filme foi até conservador a este respeito pois muitas coisas nele são até plausíveis.

    • Jefferson - 6.464 Comentários

      Cara, eu achei a cena muito forçada, mas nem tinha visto o problema por esse ângulo. Será que se em vez de uma “simples” janela estivéssemos vendo o reator através de alguns metros de água seria seguro?

  • Intruder_A6 - 194 Comentários

    Disponível uma copia decente é claro, já se acha para baixar mas eu sou exigente com respeito a qualidade do filme e o que já existe não me atende.

  • Jefferson - 6.464 Comentários

    Outro detalhe interessante é no final Jim ter alcançado a redenção. O que ele fez com Aurora era imperdoável por qualquer ângulo que eu olhasse e eu não via saída para o personagem, mesmo descontando o desespero de sua situação. Porém, no fim seu gesto de egoísmo foi crucial para salvar a vida de todos os 5000 passageiros, incluindo Aurora. E ele estava pronto para dar sua vida por ela e pelos outros. Tenho certeza de que isso não passou despercebido por ela no final.

  • Intruder_A6 - 194 Comentários

    Sim, realmente, ele se sacrificou pela nave, não morreu por muito pouco (uma tremenda forçação de barra de hollywood, dificilmente ele escaparia vivo de uma situação daquelas) e depois deu a opção de colocar ela em hibernação, quando descobriu que isto era possível, ela poderia ter resolvido o problema dela, mas no final seria também uma grande crueldade dela fazer isto (o que foi a redenção final dele). Mas pelo menos a nave era uma coisa incrível, parecia um transatlântico de luxo, mas sem as pessoas. E ele era uma pessoa muito versada tecnicamente, sem as habilidades dele e do tripulante que acordou a nave estaria perdida.

    Outra forçação de barra foi a nave passar por um choque contra um asteroide e continuar inteira, praticamente, o escudo teria que ser realmente muito bom, e o reator resistir a uma situação daquelas por mais 1 ano, e principalmente um desligamento do seu controlador sem explodir tudo na mesma hora, só em filme mesmo isto é possível.

    Mas se você questionar demais os furos na estória o filme acaba perdendo um pouco a graça. Eu assisti no cinema em 3D (gostaria de ter a opção de IMAX, mas infelizmente Salvador é muito atrasado) e ainda vou assistir uma segunda vez quando conseguir uma copia de qualidade. E torço para que um dia eu consiga uma de 4K no mesmo nível que Perdido em Marte ou o Regresso (dois filmes incríveis e com fotografia incrível).

    • Jefferson - 6.464 Comentários

      A nave resistir a uma colisão não me incomoda realmente. O que não faz sentido para mim é, numa viagem de 120 anos, não existir qualquer previsão para se acordar um oficial da tripulação em caso de dano não corrigido, ou mesmo periodicamente. O que, claro, requer a existência de equipamento para colocar uma pessoa novamente em hibernação. Mas isso iria estragar toda a premissa.

  • Intruder_A6 - 194 Comentários

    Pelo que eu conheço de automação e controle, um sistema realmente crítico tem redundância (com 1 ou mais backups, tudo depende da criticidade), para em caso de falha catastrófica ser possível a manutenção com ele a quente sem parar. Pelo que eu conheço (muito pouco) uma aeronave real tem sistemas em duplicata e às vezes em triplicata, e imagino como seja numa central nuclear, deve ser ainda mais robusto. Para uma nave espacial que deve operar totalmente sem manutenção por 120 anos a robustez deve ser enorme e com muitos sistemas com redundância (às vezes tripla ou até mais), e o controle de um reator é realmente algo muito crítico, o mais crítico de todos.

    São nestas coisas que o filme deixa vários furos, mas até Perdido em Marte tem furos, e foi realmente um filme muito bem feito, quase uma missão real a Marte. Imagino que quando assista Passageiros pela segunda vez devo encontrar ainda mais furos, mas eu provavelmente continuarei gostando muito, talvez até mais, pois o filme tem a sua beleza e eu realmente gosto de ficção cientifica.

  • Rodrigo Feliciano - 12 Comentários

    Bom, o filme piorou (para mim) depois que o tripulante acordou. A primeira coisa que ele deveria ter feito era acordar o comandante da missão (seu oficial superior) que provavelmente acordaria o resto da tripulação para dar jeito nos problemas da nave. Os engenheiros da tripulação conheceriam muito mais a nave do que um passageiro. E Provavelmente a equipe médica daria um jeito de fazer o pessoal dormir depois da crise.

    Outra coisa, num momento falam que não tem pods de hibernação adicionais e nem peças pra consertar. Mas lá no reator o cara diz que tem peça de reposição pra tudo.

    • Jefferson - 6.464 Comentários

      Para mim a premissa “não é possível voltar para a hibernação” é a fundação do filme, que desmorona se for falsa. Então eu julgo a partir dela. Tendo isso em mente, acordar qualquer pessoa é um ato pavoroso.

      Eu preferia que o tripulante não tivesse acordado, mas por outras razões. Além de ser mais um golpe no conceito de que “os pods não dão defeito”, aquela pulseira que dá acesso a qualquer um para dar override em qualquer regra da nave, mesmo nas interfaces que operam por comando de voz, não convence.

  • Jefferson - 6.464 Comentários

    Como eu reescreveria parte do script para o filme ser mais verossímil para mim:

    1)A nave tem tecnologia para recolocar as pessoas em hibernação, mas foi irremediavelmente danificada no impacto. Pense naquele compartimento que tinha um buraco no casco como justamente a “medical bay 2” que continha todo o suporte para isso.

    2)Ao descobrir que a nave tinha erros irreparáveis ou cujo auto reparo (podemos ver robôs reparando a sala do reator) estava demorando demais, o computador da nave acordaria um oficial. O computador poderia não saber do dano à Medical Bay ou, sabendo dele, acordaria o oficial mais idoso.

    3)A mensagem para acordar o oficial não teria resposta do pod. O computador repetiria a mensagem que seria corrompida e enviada para o pod errado. Digamos que o pod correto seria o 5215 e Jim estivesse no 215. Assim, nenhum pod teria “dado defeito”.

    4)Enquanto isso o pod do oficial tinha recebido a mensagem, mas danificado pelo impacto (digamos que o compartimento dos oficiais estivesse no caminho do mesmo fragmento), não respondeu e só terminou o processo de acordar o oficial dois anos depois. Isso explicaria o estado de saúde do oficial.

    5)O oficial logo ao descobrir sobre sua morte iminente transferiria o poder dele por comando de voz para Kim e Aurora. Algo como: “Na minha autoridade, concedo meus privilégios de acesso a James, ID XXXXX e Aurora, ID YYYYY. Operação código ZZZZZ”

  • José Carneiro - 198 Comentários

    Jefferson, já percebi que você gosta de romance. Achei esse filme muito fraco, o roteiro é muito forçado, falha na capsula de dois caras que seriam capazes de resolver o problema…..
    Uma coisa que nunca ocorre…. Se a sinopse do filme fosse correta poderia ser poético, mas ainda ia ser forçado. Convenientemente o Morfeu acorda morrendo e consegue passar os ensinamentos suficientes para salvar todo mundo. Pra finalizar, o Pratt ainda leva uma descarga do reator e o traje espacial segura tudo….Isso sem contar com o problema do vidro já abordado.
    Não deu!!
    Nem tudo é ruim, os efeitos são bem legais.

    • Jefferson - 6.464 Comentários

      Toda a seqüência de ventilação do reator é furada.

      1)A idéia de que a ventilação automática não funciona, mas o computador exibe uma alavanca no mesmo recinto para fazer ventilação manual é bem questionável
      2)Aurora precisa proteger a mão porque a alavanca está muito quente, mas consegue deitar no chão, encostar no painel, sobreviver na sala…

      Eu resolvi ignorar os problemas.

      Quanto ao vidro, bastaria os roteiristas terem colocado um “aquário” ali (uns 3 metros de água já estaria muito bom) para ser verossímil. Mas o “certo” mesmo seria eles nem estarem vendo a reação, entretanto não teria a mesma “graça” para o público inteiramente leigo.

    • Jefferson - 6.464 Comentários

      Quanto ao romance, nesse filme ele é só uma ferramenta de potencialização do drama, assim como The Age Of Adaline. Quanto mais envolvida Aurora ficasse com James, maior a raiva, o nojo, o desespero que ela ia sentir ao descobrir. Por isso eu ressaltei a redenção de James. Até o momento em que ficou cristalino que se duas pessoas não estivessem acordadas, todos teriam morrido, tudo que James fez com relação a Aurora foi de abjeto a monstruoso. Daria até para atribuir o ato de acordá-la como insanidade temporária, mas em vez de tratá-la apenas como a muleta psicológica de que ele tanto precisava, seduzir e ir para a cama com sua vítima? Aí James passou dos limites.

  • José Carneiro - 198 Comentários

    Tem uma coisa bem problemática na estória, o pod de Jogos Vorazes não deu defeito, ela foi acordada, poderia receber todos os preparativos no pod médico para hibernar e ir ao pod original dela, o Pratt também poderia voltar a dormir, só que no pod médico, por isso o filme é, pra mim, um romance, sendo a ficção é coadjuvante. Eles poderiam voltar a hibernar com todos os problemas existentes no roteiro, já que ele tinha uma senha de administrador e era o CARA, não voltaram por pura vontade.
    Ignorando o fato anterior. O ato de acordar ela ser perdoado por salvarem a nave é outra coisa forçada, em 20 minutos ela esqueceu o que houve, simples assim. Tirando ainda todos os outros problemas com protocolo de segurança, ignorando tudo, se ele tivesse que acordar outra pessoa, seria perdoado, mas ele acordou por egoísmo.
    O roteiro é muito fraco, tem tanta coisa tosca que não dá vontade de discutir os problemas. Nem a química entre os atores foi forte no filme. A única coisa que achei realmente boa no filme foi a máquina do refeitório, eu quero uma daquelas.

    • Jefferson - 6.464 Comentários

      Para sua teoria funcionar é necessário que:

      1)A tecnologia de hibernação da Homestead preveja que uma pessoa hibernando possa ser removida;
      2)O pod de Aurora estivesse em condições de reuso.

      E isso não pode ser seguramente estabelecido nem por senso comum (a tecnologia não existe em 2017), nem pelo exposto pelo filme.

      Mas é plausível. O filme poderia ter um final alternativo onde isso ocorresse.

    • Jefferson - 6.464 Comentários

      Esqueci de comentar que talvez eu não esteja usando a palavra mais adequada mas “redenção” no sentido que estou usando, que é o de Shawshank Redemption, não requer o perdão da(s) vítima(s) (isso seria um problema danado). A redenção é o perdão dado por uma entidade superior, que para o cristianismo é Deus, mas no caso de um filme é a audiência.

      Para a trama o perdão de Aurora, verossímil ou não, é importante. Para a redenção de James é irrelevante.

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