Hoje somente três pessoas moram aqui em casa: eu, meu pai e minha mãe. Até aproximadamente um ano e meio atrás eu era o único que tinha condições físicas para trocar o garrafão de água mineral no bebedouro, mas isso mudou quando tive uma preocupante crise de coluna e os médicos disseram que eu não deveria mais levantar peso. Nunca mais.
Minha mãe não abre mão de jeito nenhum de beber água mineral gelada e nenhuma opção que eu ofereci (usar filtros modernos, trocar os garrafões de 20 litros por garrafões de 10 litros, deixar de usar bebedouro e colocar garrafas na geladeira, comprar uma geladeira com dispenser, etc) foi aceita por ela (ok, eu também não gosto da geladeira com dispenser). Eu não ia mais levantar garrafões e nem ela queria que eu fizesse isso depois do que ela testemunhou acontecer comigo, mas então a teimosa, que também tem problemas de coluna, ia continuar trocando os garrafões sozinha.
É importante citar aqui que nem eu nem minha mãe gostamos da idéia de estranhos entrando em nossa casa periodicamente. No quintal, só porque não tem jeito mesmo. Dentro da casa, só em último caso. E o fato de ter que esperar para que alguém venha fazer a troca do garrafão é mais um ponto negativo. Aqui nós temos um estoque de uns cinco garrafões que permite que a troca seja feita imediatamente por nós, com semanas de autonomia.
Comecei a pensar em soluções “de engenharia”. A primeira idéia que me passou pela cabeça foi uma espécie de elevador para o garrafão operado por manivela. O garrafão seria abraçado com uma cinta e elevado até uma altura em que pudesse ser girado sem esforço (ainda preso na estrutura) e depois abaixado já virado sobre o bebedouro. Problema: eu ia precisar de muita ajuda com serralharia e mecânica para montar algo que agüentasse suspender 21kg sem quebrar e oferecendo um mínimo de esforço para o usuário. E ainda seria um trambolho.
Caramba… não é só a minha família que tem problemas de coluna e não gosta de estranhos dentro da casa. Não é possível que não exista uma solução pronta…
Então me ocorreu usar uma bomba para puxar a água do garrafão, que não sairia do chão, para dentro da cuba do bebedouro. “Isso aí deve existir pronto”, pensei. E uma rápida pesquisa no Google mostrou que até existe, mas é danado de raro e tem um preço nem um pouco realista. A única ocorrência que encontrei no Google foi a Engefrio, que curiosamente é aqui de Recife e o produto, que é até bonito, custa R$1143. Um bebedouro normal e tradicional, com compressor, de marca conhecida, sai por uns R$350 aqui em Recife mesmo. Como justificar os R$800 extras por uma bomba e um gabinete bonitinho?
Nota: depois que publiquei o post foi que notei que a Engefrio agora coloca marca e modelo do bebedouro no anúncio. É um Esmaltec EGCQF HE. Eu pensava que fosse fabricação própria da Engefrio por não encontrar em outro lugares com os mesmos termos de busca. De qualquer forma, está indisponível em todas as lojas e o mais barato que achei foi R$849 na Credimóveis (também aqui de Recife)
Como eu tenho alguma experiência com automação decidi experimentar criar meu próprio sistema. Eu tinha tudo o que era preciso exceto uma coisa: a bomba. E adquirir isso mostrou ser um razoável desafio. Eu tenho certeza de que alguém vende isso aqui em Recife para algum propósito, mas onde? Parece que os comerciantes ainda não descobriram a internet por aqui (e nem no resto do país, a propósito). Pensei em usar uma bomba de aquário, mas descobri testando exemplares fornecidos pelo amigo José Carneiro que a maioria delas é feita para ser usada submersa (praticidade e higiene discutíveis) e não tem qualquer poder de sucção. Depois de muita pesquisa concluí que minha melhor opção era comprar uma mini bomba de diafragma na China e depois de uns três meses esperando o primeiro exemplar chegou (comprei duas, de dois vendedores diferentes, para garantir).
O resultado, que vou discutir em futuros posts, ficou melhor do que eu esperava. A foto abaixo é do meu primeiro protótipo. O garrafão fica do lado de fora da casa e toda vez que alguém bebe água no bebedouro um sensor de nível é acionado e a bomba completa o nível da cuba em segundos.
bomba para bebedouro
Pontos positivos: nenhuma modificação é necessária no bebedouro, seja elétrica ou mecânica.
Ponto negativo: não é possível ter água que não seja gelada com essa configuração.
Leia também a segunda parte.
Essa tecnologia me lembrou de uma série que assistia hoa anos atrás, “Person of Interest”, chegou a conhecer? https://en.wikipedia.org/wiki/Person_of_Interest_(TV_series)
Eu assistia, mas parei no final da 4a temporada quando o nível de bullshit alcançou níveis estratosféricos.
Vocês sabem se facebook e afins “disponibilizam” sua base de dados aos governos? Digo isso porque se você marca seu rosto em um facebook/google da vida ele sai identificando trocentas fotos automaticamente. Não vejo ninguém falar no uso disso em termos práticos, por exemplo a policia usar o facebook/google pra achar bandido, joga a foto do marginal lá e pronto, já tem no mínimo a localização do cara. Google já sabíamos porém nos últimos dias soubemos que o facebook é invasivo ao ponto de saber suas ligações, sms, localização, entre outras coisas.
Teoricamente, diante de uma ordem judicial o Facebook e qualquer outra empresa tem que fornecer quaisquer dados em seu poder. Com exceções para aqueles sigilos profissionais (médico-paciente, repórter-fonte, advogado-cliente…). O que não pode é o governo ter um link direto com a empresa onde agentes aleatórios podem coletar o que quiserem, quando quiserem.
Porém, em um país que tem o tipo de juiz que determina o bloqueio de toda uma rede de comunicação usada por milhões de cidadãos (whatsapp) porque a empresa não deu a informação (supostamente inexistente) que ele queria, tenho certeza que em algum lugar se acha um juiz que assine o que você quiser.
Acabei não respondendo diretamente a pergunta. Eu não creio que o Facebook tenha qualquer acordo desse tipo com o governo (o executivo) brasileiro porque isso seria ilegal e fazer um acordo com o executivo não protegeria a empresa de um problema posterior quando o resto do Estado (legislativo e o judiciário) descobrissem. Ainda estamos em um Estado de Direito apesar dos flertes recentes com ditaduras.
Haveria o risco se o Facebook fosse uma empresa brasileira, do tipo em que os donos passam o fim de semana com o presidente. Mas sendo norte-americana e sujeita também às leis anticorrupção de lá, que proíbem as empresas americanas de cometerem crimes em outros países, não rola.